O que as Escrituras Ensinam?
Está claro na Escritura que Deus não
pretendia que a nomeação de presbíteros continuasse. Se o fizesse, teria
continuado a dar apóstolos para que tais pudessem ser ordenados. Foi uma coisa temporária
para a Igreja primitiva, até que se estabelecesse na verdade do “Mistério” e
a Palavra de Deus fosse concluída (Cl 1:25-27). A Igreja estava em sua infância
naqueles primeiros dias e precisava de presbíteros em um sentido oficial. À
medida que a Igreja amadurecia e os apóstolos eram retirados de cena,
esperava-se que a Igreja não precisasse dessa nomeação apostólica, mas teria a
espiritualidade de “reconhecer” e “estimar” aqueles que fizessem
esse trabalho (1 Ts 5:12-13).
Deus antecipou plenamente um tempo em
que os apóstolos não estariam mais na Terra para nomear anciãos, e Ele garantiu
que as assembleias não ficassem sem os que “assumiriam a liderança” (1 Ts
5:11-12 – JND; 1 Tm 5:17; Hb 13:17). O Espírito de Deus levantaria homens para
continuar esta obra. A Escritura diz: “Olhai, pois, por vós, e por todo o
rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a Igreja
de Deus, que Ele resgatou com Seu próprio sangue” (At 20:28). Quando os
apóstolos estavam na Terra, eles designaram tais para o ofício de ancião porque
reconheciam essa obra do Espírito nesses homens. Mas, como os apóstolos se
foram, não devemos pensar que o trabalho de supervisão não possa continuar. Não
há menção de que o Espírito de Deus pararia de levantar homens para fazer esse
trabalho.
O Sr. Kelly disse: “O que então? Não
existe alguém adequado para ser ancião ou bispo, se não houver apóstolos para
escolhê-los? Graças a Deus, não há poucos! Você dificilmente pode olhar para
uma assembleia de Seus filhos sem ouvir falar de homens idosos sérios que vão
atrás dos desencorajados, que advertem os indisciplinados, que confortam os que
estão afastados, que aconselham, advertem e guiam almas. Não são esses os
homens que poderiam ser anciãos, se houvesse um poder para designá-los? E qual
é o dever de um homem Cristão sendo que as coisas agora são a prática do que
resta? Eu digo para não os chamar de ‘anciãos’, mas certamente para considerá-los
em grande estima por causa de seu trabalho, e amá-los e reconhecê-los como
aqueles que estão sobre o restante de seus irmãos no Senhor.”
Portanto, em uma reunião de Cristãos
reunidos de acordo com a Escritura, haverá homens que continuarão com essa
obra. Eles serão conhecidos pelo trabalho que realizam e devem ser reconhecidos
como tais, mesmo que não tenham sido designados para esse cargo. A Palavra de
Deus diz que devemos:
- “Reconhecê-los” (1 Ts 5:12; 1 Co 16:15)
- Tê-los “em grande estima” (1 Ts 5:13)
- “Honrar” os que governam bem (1 Tm 5:17)
- “Lembrar” deles (Hb 13:7)
- “Imitar” a fé deles (Hb 13:7)
- “Obedecê-los” (Hb 13:17)
- “Submeter-se” a eles (Hb. 13:17)
- “Saudá-los” (Hb 13:24)
Portanto, não cabe a nós “preparar” e
“escolher” homens para o trabalho de supervisão; é a obra do Espírito. Se Ele
tiver liberdade, Ele levantará aqueles que farão esse trabalho. Mas é triste
dizer que, entre os Irmãos Abertos, isso é dificultado pelo sistema criado pelo
homem que eles adotam para escolher anciãos. Eles vão negar isso e nos dizer
que estão apenas designando aqueles a quem o Espírito de Deus levantou no meio
deles. Mas isso é presunçoso; essa é uma obra apostólica! É um afastamento da
ordem da Escritura e uma imitação do modo de Deus de verdadeira supervisão em
uma assembleia.
Mesmo quando os anciãos foram
oficialmente nomeados para o cargo de supervisão pelos apóstolos, não há
registro na Escritura que eles excluíssem outros irmãos das reuniões
administrativas da assembleia. Isso pode ser visto na reunião realizada em Atos
15:6-22. Ele diz: “Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para
considerar este assunto.” Embora não haja menção de outras pessoas
presentes à reunião no livro de Atos, Gálatas 2:1-10, que relata a mesma
reunião, indica que outros irmãos estavam lá. Paulo observa que essa liberdade
foi abusada e certos “falsos irmãos” (que não eram apóstolos nem
anciãos) entraram na reunião e tentaram impedir os procedimentos com os interesses
deles.
Isso mostra que, quando essas reuniões
não são fechadas para alguns, existe o risco de ter algumas pessoas que
continuarão com pouco entendimento dos princípios da Escritura. Nesse caso, os
irmãos líderes devem intervir e inibir a pessoa (ou pessoas). Foi o que
aconteceu naquela reunião em Atos 15 e Gálatas 2. Quando alguns se levantaram e
tentaram convencer os irmãos de sua opinião sobre o assunto em questão, Paulo e
alguns outros intervieram e interromperam isso. Ele diz: “Aos quais nem
ainda por uma hora cedemos com sujeição”.
O fato de esta reunião ter sido
realizada “particularmente (separadamente dos outros) mostra que
as reuniões de assuntos administrativos (às vezes chamadas de “reunião de cuidados”)
devem ser realizadas separadamente da assembleia local como um todo. Há
momentos em que é necessário que os irmãos responsáveis em uma assembleia se
reúnam para discutir certas questões que a assembleia enfrenta sem a presença
daqueles que são instáveis ou são governados pela emoção. Está claro em Atos 15:6
que as mulheres e jovens crentes não foram incluídas nesta reunião. A única
outra pessoa na assembleia que seria excluída é um irmão que teve alguma
restrição disciplinar sobre ele a esse respeito. Além dessas exceções, a
reunião deve ser aberta a irmãos exercitados que cuidam do rebanho. Todos os
irmãos não precisam estar lá se não forem exercitados sobre esse trabalho, mas os
que vão precisam reconhecer aqueles a quem Deus levantou para “assumir a
liderança” (Hb 13:17 – JND) e dar lugar a eles. A Escritura assume
espiritualidade e comunhão por parte de todos em uma reunião de cuidados para
discernir isso.
Ter irmãos em reuniões administrativas
que não consideram a si próprios como líderes, lhes oferece a oportunidade de
crescer em seu entendimento dos princípios da Escritura em assuntos referentes
aos assuntos da assembleia. Se eles forem privados de comparecer a esse tipo de
reunião, como é o caso dos Irmãos Abertos, eles perderão uma educação valiosa
em questões administrativas. Além disso, a presença de outros irmãos nessas
reuniões tende a manter um equilíbrio nas questões que surgem, e há maior
imunidade ao desenvolvimento do espírito de partidarismo.
Na reunião descrita em Atos 15 e Gálatas
2, homens de duas assembleias diferentes (Antioquia e Jerusalém) compareceram
porque o assunto em questão envolveu as duas localidades. Certos mestres da
assembleia em Jerusalém haviam chegado a Antioquia e ensinado coisas erradas
ali (At 15:24), e assim o assunto foi abordado entre as duas assembleias. Mas
normalmente, em uma reunião de cuidados, deve haver apenas aqueles que
pertencem a essa assembleia local.
Nos assuntos administrativos de uma
assembleia, Deus quer que olhemos para Cristo, a Cabeça da Igreja, quando
surgirem problemas (At 4:23-31) – e não inventar um sistema de administração em
que quatro homens tratem deles. Pode ser uma maneira conveniente de evitar
certas dificuldades que possam surgir, mas não é a ordem de Deus. Quando a
ordem feita pelo homem entra na assembleia, embora possa ser com boas
intenções, há consequências indesejadas que resultarão. Por exemplo, esse
sistema poderia promover o elitismo. Os que estão no círculo interno podem
começar a pensar (sem saber) que estão acima de seus irmãos, e isso será
sentido na assembleia. Os homens que estão nesse círculo interno podem estar
inclinados a não ouvir preocupações e sugestões legítimas das pessoas da
assembleia porque pensam que sabem melhor e porque foram designadas para esse
cargo. Outros irmãos na assembleia podem ter a sensação de que suas
contribuições não são importantes e, portanto, podem não se preocupar em se interessar
quanto aos cuidados da assembleia.
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