sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

O Princípio de um Testemunho Remanescente


O Princípio de um Testemunho Remanescente

É claro que aqueles que dizem isso não entendem o conceito na Escritura de um “testemunho remanescente”. É extremamente importante manter essa verdade, pois ela tem uma grande medida de aplicação em nossos dias.
Um grande princípio no qual Deus age quando o que entregou nas mãos dos homens em testemunho falha é que Ele reduz seu tamanho, força, glória e número e segue adiante em uma forma remanescente. Ele não Se identifica mais com o testemunho como um todo, no mesmo poder e glória que outrora fez quando este foi inicialmente estabelecido. Se Ele fizesse isso, poderia parecer que Ele tolerava as condições existentes em seu estado decaído. Em vez disso, Ele recorre ao Seu poder e graça soberanos para manter Seu testemunho – mas de uma forma remanescente. Deus agiu de acordo com esse princípio em Israel no passado, e Ele fará novamente com o remanescente judeu nos dias vindouros, e ele está fazendo isso hoje no testemunho Cristão.
Para ver esse princípio na Palavra de Deus com mais clareza, veja Deuteronômio 12:5-7: “Mas o lugar que o Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos, para ali pôr o Seu nome, buscareis para sua habitação, e ali vireis. E ali trareis os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e os vossos votos, e as vossas ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas. E ali comereis perante o Senhor vosso Deus”. Isso mostra que, originalmente, era desejo de Deus que todo o Seu povo se reunisse para adoração neste único “lugar” de Sua escolha, que era Jerusalém.
 Agora, abra em 1 Reis 11:9-13: “Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão: porquanto desviara o seu coração do Senhor Deus de Israel, O qual duas vezes lhe aparecera. E acerca desta matéria lhe tinha dado ordem que não andasse em seguimento de outros deuses: porém não guardou o que o Senhor lhe ordenara. Pelo que disse o Senhor a Salomão: Pois que houve isto em ti, que não guardaste o Meu concerto e os Meus estatutos que te mandei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo. Todavia nos teus dias não o farei, por amor de Davi teu pai: da mão de teu filho o rasgarei: Porém todo o reino não rasgarei: uma tribo darei a teu filho, por amor de Meu servo Davi, e por amor de Jerusalém, que tenho elegido.”
 Então, nos versículos 29-36, diz: “Sucedeu, pois, naquele tempo que, saindo Jeroboão de Jerusalém, o encontrou o profeta Aías, o silonita, no caminho, e ele se tinha vestido dum vestido novo, e sós estavam os dois no campo. E Aías pegou no vestido novo que sobre si tinha, e o rasgou em doze pedaços. E disse a Jeroboão: Toma para ti os dez pedaços, porque assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino da mão de Salomão, e a ti darei as dez tribos Porém ele terá uma tribo, por amor de Davi, Meu servo, e por amor de Jerusalém, a cidade que elegi de todas as tribos de Israel. Porque Me deixaram, e se encurvaram a Astarote, deusa dos sidônios, a Camós, deus dos moabitas, e a Milcom, deus dos filhos de Amom; e não andaram pelos Meus caminhos, para fazerem o que parece reto aos Meus olhos, a saber, os Meus estatutos e os Meus juízos, como Davi, seu pai. Porém não tomarei nada deste reino da sua mão: mas por príncipe o ponho por todos os dias da sua vida, por amor de Davi, Meu servo, a quem elegi, o qual guardou os Meus mandamentos e os Meus estatutos. Mas da mão de seu filho tomarei o reino, e to darei a ti, as dez tribos dele. E a seu filho darei uma tribo; para que Davi, Meu servo, sempre tenha uma lâmpada diante de Mim em Jerusalém, a cidade que elegi para pôr ali o Meu nome.”
Então, no capítulo 12:22-24, diz: “Porém veio a palavra de Deus a Semaías, homem de Deus, dizendo: Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a toda a casa de Judá, e a Benjamim, e ao resto do povo, dizendo: Assim diz o Senhor: Não subireis nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um para a sua casa, porque Eu é que fiz esta obra.
Vemos a partir disso, que embora fosse o desejo de Deus que todo o Seu povo se reunisse em Jerusalém para oferecer seus sacrifícios (Dt 12), uma vez que o fracasso havia ocorrido, Ele não continuaria Seu testemunho em Seu centro divino no poder e glória que já teve. Salomão e os filhos de Israel fracassaram e se converteram do Senhor à idolatria (1 Rs 11:10-11, 33), e isso levou o Senhor a mudar Seus caminhos com eles. Ele reduziria o tamanho, o poder e a glória de Seu testemunho em Israel e o continuaria em um “remanescente”. Ele continuaria depois com apenas uma das doze tribos.
Esta é a primeira vez nas Escrituras que a palavra “remanescente” é usada em conexão com o testemunho público do povo de Deus. É importante observar a “regra da primeira vez” na interpretação da Bíblia, porque quando algo é usado pela primeira vez na Escritura, geralmente dá o senso de como será usado posteriormente em outras passagens. Por isso, é bom prestar atenção ao que é dito aqui. O importante é ver que houve uma mudança acentuada nos caminhos de Deus quando o fracasso chegou. Ele removeu dez das tribos do centro divino e manteve apenas “uma tribo” lá – um remanescente. O Senhor disse: “Eu é que fiz esta obra”. Era Seu dever remover a maioria de Seu povo do centro divino de reunião. Não é uma contradição dos princípios de Deus, conforme indicado em Deuteronômio 12, mas uma mudança nos Seus caminhos quando um fracasso total havia chegado.
O Senhor agirá com o mesmo princípio com os judeus na grande tribulação vindoura. Quando a nação se entregar à idolatria que o anticristo trará, o Senhor separará um remanescente entre eles e trará muitos deles durante esse tempo de angústia para o Seu reino milenar (Is 8:12-18, 17:6-7, 66:2). Naqueles dias, “o testemunho” não estará na massa da nação, mas “entre os Meus discípulos” (Is 8:16).
Alguns podem perguntar: “Posso ver esse princípio no trato de Deus com Israel, mas pode ser aplicado ao testemunho da Igreja?” A resposta, inequivocamente, é sim. Vemos o princípio disso na passagem que examinamos em 2 Timóteo 2:19-22. Lá, Deus encoraja os crentes exercitados a se separarem da mistura na casa de Deus e a se retirarem para uma posição remanescente “com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”.
É visto mais especificamente em Apocalipse 2-3. Esses capítulos descrevem a história profética da Igreja desde seus primeiros dias, logo após os apóstolos, até os últimos dias. Se seguirmos o curso das coisas descritas nesses discursos às sete igrejas, veremos um curso descendente no testemunho Cristão, até finalmente, atingir um ponto em que não há recuperação e, daí em diante o Senhor age segundo o princípio de um testemunho remanescente.
 Em Éfeso, aprendemos que o “anjo da igreja” (os líderes responsáveis) julgou corretamente tudo o que era inconsistente com o Senhor. Diz que eles não podiam “sofrer os maus”. Mas, infelizmente, o coração deles não estava com Ele nisso (Ap 2:2-4). Em Esmirna, qualquer outro declínio foi temporariamente interrompido pelas grandes perseguições que caíram sobre a Igreja. A severidade da provação os lançou de volta ao Senhor. Mas em Pérgamo, quando terminaram os tempos de grande perseguição, o “anjo da igreja” começou a tolerar alguns que defendiam “a doutrina de Balaão”, que é mundanismo e idolatria. O anjo não foi acusado de manter essas doutrinas, mas o Senhor encontrou culpa neles, porque eles não denunciaram o mal, assim como o anjo em Éfeso.
Em Tiatira, uma condição pior prevaleceu; o “anjo da igreja” permitiu que a mesma doutrina e prática maligna que alguns de Pérgamo mantinham fosse ensinada! (Compare Apocalipse 2:14 com 2:20) O que começou como alguns mantendo má doutrina terminou em muitos ensinando má doutrina. Isso mostra que, se sustentar o mal não for julgado, levará à sua propagação. Em Tiatira, o ensino desse mal havia se transformado em um sistema de coisas chamado “Jezabel”, que certamente corresponde ao catolicismo. Na Idade Média, esse sistema perverso tinha um domínio tão tirânico da igreja em geral, com sua força e organização, que controlava o anjo! Aqueles que estavam no lugar de responsabilidade não conseguiram lidar com isso quando podiam, e agora ele se tornara um monstro que os controlava! (Compare Atos 27:14-15. O “Euroaquilão” um grande vento do Mediterrâneo – arrebatou o navio [a nau] e os marinheiros não puderam fazer nada, senão “deixar ela ir” (JND). A figura de “Jezabel” é bem usada aqui porque aquela mulher não apenas trouxe formalmente a idolatria a Israel, mas também controlou e manipulou seu marido, o rei Acabe.
Sendo esse o estado público da Igreja, onde ainda não havia poder para lidar com o mal, o Senhor separou um remanescente, dizendo: “Mas Eu vos digo a vós, e aos restantes [remanescente]...Ele deixou a massa ir (Ap 2:24). Depois disso, Ele trabalhou com um remanescente que ouviria o que o Espírito estava dizendo às igrejas. Aqui, temos a palavra “restante [remanescente]usada em conexão com o testemunho Cristão. É significativo que o Senhor não tenha exercido sobre eles a “carga” de corrigir a confusão no testemunho Cristão, em um esforço para trazer a Igreja de volta para onde estava antes. Em vez disso, Ele voltou o foco deles para a Sua vinda, dizendo: “retende-o até que Eu venha” (Ap 2:25).
Desse ponto em diante, uma mudança acentuada é vista nos caminhos do Senhor com a Igreja. Até aqui, a voz do Espírito era para toda a Igreja. “Ouça o que o Espírito diz às igrejas” precedeu a promessa ao vencedor nas três primeiras igrejas. Isso indica que a recompensa ao vencedor foi colocada diante de toda a Igreja, porque o Senhor ainda estava lidando com ela como um todo. Mas agora, nesse ponto, a ordem é invertida. O chamado para ouvir “o que o Espírito diz às igrejas” segue a promessa ao vencedor. Esta é a ordem nas últimas quatro igrejas. O que o Espírito tem a dizer em relação à ordem da Igreja não é mais dado às massas – apenas ao vencedor. Isso ocorre porque se supõe que somente o vencedor ouvirá o que o Espírito está dizendo – no contexto da ordem da Igreja, não se espera que as massas ouçam e se arrependam. A previsão de Paulo a Timóteo de que as massas iriam desviar “os ouvidos da verdade” aconteceu (2 Tm 4:2-3) e, portanto, o Espírito não está mais falando com o corpo como um todo.
Comentando sobre essa mudança, J. N. Darby disse que o corpo como um todo é “deixado de lado” a partir deste ponto, porque a massa pública na profissão Cristã é tratada como incapaz de ouvir e se arrepender. O Sr. W. Kelly disse: “Desde então, o Senhor coloca a promessa [ao vencedor] em primeiro lugar, e isso é porque é inútil esperar que a Igreja como um todo a receba... apenas um remanescente vence e a promessa é para eles; quanto aos outros, está tudo acabado.” Como resultado, o Senhor não esperava mais que a massa da profissão Cristã ouvisse e retornasse ao ponto de onde haviam desviado. Todo o pensamento de recuperar a Igreja como um todo é abandonado porque atingiu um ponto de não recuperação. É por isso que não acreditamos que o Espírito esteja necessariamente falando com todas as pessoas na Cristandade hoje em relação à verdade de estar reunido ao Seu Nome. Com a maioria, Ele está deixando que sigam seu próprio caminho em relação às afiliações eclesiásticas deles.
Trabalhando com um testemunho remanescente desde então, agradou ao Senhor recuperar a verdade que foi perdida pelo descuido da Igreja nos séculos anteriores. No entanto, Ele não achou oportuno recuperar toda a verdade de uma só vez. O remanescente mencionado em Apocalipse 2:24-29 são os valdenses, os albigenses e outros como esses que se separaram do mal de “Jezabel” nos tempos medievais. Eles foram instruídos a reter a pouca verdade que tinham. Algum tempo depois, nos tempos da Reforma, o Senhor permitiu que um pouco mais da verdade fosse recuperada – como a supremacia da Bíblia e a fé somente em Cristo para a salvação. Mas esse movimento do Espírito foi impedido pelos reformadores que procuraram vários governos nacionais na Europa para ajudar contra as perseguições da Igreja de Roma. Isso equivalia a pedir ajuda à carne, em vez de confiar no Senhor (Jr 17:5; Sl 118:8-9; Is 31:1). O resultado foi a formação das grandes igrejas nacionais na Cristandade e a morte do protestantismo começou, como está representado na igreja de Sardes (Ap 3:1-6).
Não foi até o início de 1800 que o Senhor restaurou completamente “a fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Isso aconteceu quando os homens se afastaram de tudo que era organização formal de origem humana na Cristandade. Isso é descrito no discurso do Senhor à igreja na Filadélfia (Ap 3:7-13). Nessa época, Deus estabeleceu um testemunho corporativo da verdade de o um só corpo. Antes dessa época, o remanescente era visto em indivíduos que procuravam continuar fielmente em separação da corrupção da igreja de Roma. Agora estamos nos dias em que todo homem está fazendo o que é certo aos seus próprios olhos (Jz 21:25), e a maioria está satisfeita com seu fraco estado. Isso é descrito na igreja de Laodiceia (Ap 3:14-22).
O que podemos ver aqui é que o testemunho Cristão alcançou um ponto de ruína irremediável, e isso exigiu uma mudança nos caminhos do Senhor. Ele abandonou qualquer tentativa de restaurar, ao que era antes, o estado público da Igreja como um todo e agora está trabalhando para manter um testemunho da verdade de reunir-se de forma remanescente.

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