sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Uma Recepção Aberta


Uma Recepção Aberta

Foi dito corretamente que a doutrina errada leva à prática errada (2 Tm 2:16). Esse é certamente o caso dos falsos ensinamentos dos Irmãos Abertos de que a associação com a má doutrina não contamina a pessoa. Isso os levou a praticar a recepção aberta à ceia do Senhor. Se a raiz da divisão de Betesda é a indiferença a Cristo, o fruto é a prática da recepção aberta.
A respeito dos princípios de recepção, o Sr. A. N. Groves (considerado por alguns como um dos que deram origem aos Irmãos Abertos) disse; “Eu INFINITAMENTE OS AGUENTARIA com todo o mal deles, em vez de me SEPARAR do BEM que possuem... de acordo com meus princípios, eu recebo a todos eles.” (As maiúsculas são do Sr. Groves). Esta afirmação resume a posição dos Irmãos Abertos. O Sr. F. F. Bruce (um historiador dos Irmãos Abertos) confirma isso, afirmando: “Suas palavras [do Sr. Groves] expressam a atitude que os Irmãos Abertos reconhecem como seu ideal.”
Como não queremos acusar injustamente os Irmãos Abertos nesse assunto, nos apressamos em dizer que isso se aplica particularmente ao braço “liberal” (as Capelas) hoje. Em certo sentido, eles realmente não têm princípios de recepção ou, se o fazem, é mínimo na maioria das assembleias. Como cada assembleia age de maneira independente, algumas podem ser um pouco mais cuidadosas do que outras, mas geralmente, se uma pessoa diz que é Cristã, é imediatamente permitido a ela partir o pão com eles. Acreditam que a assembleia se limpa afirmando que cada indivíduo é responsável por se examinar nesse assunto e que não é responsabilidade da assembleia examinar as pessoas. Para apoiar isso, eles usam 1 Coríntios 11:28: Examine-se pois o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice”.
Embora seja verdade que cada pessoa deve se examinar antes de comer a ceia do Senhor, 1 Coríntios 11:28 não está ensinando que a assembleia deve ter uma recepção aberta à ceia. Seria uma clara contradição das Escrituras que ensinam que a assembleia é responsável por julgar o mal em seu meio (1 Co 5:12). O princípio é simples: se uma assembleia local é responsável por julgar o mal em seu meio, segue-se naturalmente que deve ser cuidadosa com o que ou a quem ela traz em seu meio. Portanto, é necessário cuidado na recepção.
Visto que a pureza deve ser mantida na assembleia (Sl 93:5), quando alguém deseja partir o pão à “mesa do Senhor” (1 Co 10:21), a assembleia deve tomar cuidado para não trazer alguém à comunhão que possa estar envolvido com o mal; seja moral, doutrinal ou eclesiástico. Foi dito com razão que a assembleia local não deve ter uma comunhão aberta, nem uma comunhão fechada, mas sim, ter uma comunhão vigiada. A assembleia deve receber à mesa do Senhor todo membro do corpo de Cristo, a quem a disciplina bíblica não proíbe. Embora cada Cristão tenha o privilégio de estar à mesa do Senhor, nem todo Cristão tem necessariamente o direito de estar lá, porque esse privilégio pode ser confiscado por seu envolvimento em algum mal.
Visto que a Palavra de Deus não se contradiz, 1 Coríntios 11:28 deve estar se referindo a algo que não seja a recepção à mesa do Senhor. Um exame mais atento do contexto do capítulo nos permite ver que o versículo não se refere àqueles que gostariam de estar em comunhão à mesa do Senhor, mas àqueles que já estão em comunhão ali. É simplesmente dizer que cada um que está em comunhão tem a responsabilidade de se julgar antes de participar da ceia do Senhor. É algo como um comando que os pais dão aos filhos antes de se sentarem para jantar. Eles dizem: “Certifique-se de lavar as mãos antes de se sentar”. Este comando se aplica às crianças que estão nessa família e que comem nessa mesa. Não se refere aos vizinhos na rua. É o mesmo na assembleia; os que estão em comunhão à mesa do Senhor são exortados a se examinar antes de participar da ceia.
Os Irmãos Abertos são rápidos em apontar que a pessoa que não se julga antes de comer da ceia come e bebe “para sua própria condenação (juízo – ARA) – não para juízo da assembleia (1 Co 11:29). Isso é usado para provar que a assembleia está supostamente livre de responsabilidade neste assunto. É verdade que a pessoa trará juízo sobre si mesma, mas a mesma passagem nos diz que também poderia haver resultados colaterais sentidos por aqueles na assembleia, como uma ação governamental de Deus. A mesma passagem diz: “Por causa disto, há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem” (v. 30). Não há menção de que essas pessoas foram as próprias transgressoras nas más ações. Faziam parte da assembleia em Corinto e, ao serem identificadas com aqueles que estavam comendo e bebendo indignamente, sentiram a mão de Deus no julgamento governamental. Veja o exemplo no tipo dos 36 homens que morreram ao lutar em Ai (Js 7:5). Esses homens não eram culpados de tomar do anátema, como Acã, mas, sendo identificados externamente com ele, Deus permitiu que caíssem na batalha.
Podemos nos perguntar por que Deus permitiria que Seu julgamento governamental tocasse alguém na assembleia que não fosse diretamente responsável por comer e beber indignamente. Acreditamos que é porque estamos todos no mesmo vínculo da comunhão prática, e o que envolve a pessoa afeta a todos. Isso não deve nos assustar, porque podemos ter certeza de que, seja o que for que o Senhor permita tocar Seu povo, vai acontecer se isso for “necessário” (1 Pe 1:6) para eles e com um propósito de amor de Sua parte (Hb 12: 6). No entanto, deve nos exercitar sobre a manutenção de um bom estado espiritual. E também devemos nos preocupar com o estado de nossos irmãos com quem estamos em comunhão. Somos o “guardador de” nossos irmãos (Gn 4:9) e temos responsabilidade uns pelos outros. Saber que a mão do Senhor estará sobre nós coletivamente, se nós, como companhia, não prosseguirmos bem, deve nos motivar a pastorear aqueles que estão descuidados na vida pessoal.

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