RECEPÇÃO À COMUNHÃO – Na Escritura,
a recepção à comunhão não é vista como algo meramente local, embora seja efetuada
localmente. Quando uma pessoa é recebida em comunhão na “mesa do Senhor” (1
Co 10:21) em um local, ela é recebida em comunhão com os santos como um todo – em
todas as assembleias que estão no verdadeiro terreno da Igreja de Deus, como
reunidas para o nome do Senhor.
Se alguém visitar outra assembleia em
outro lugar, ele não é reexaminado pelos irmãos naquela localidade para a qual
foi, mas é recebido porque já está em comunhão – mesmo que nunca tenha estado
naquela assembleia antes. Se ele não é conhecido nessa localidade, ele deve levar
uma “carta de recomendação”, afirmando que ele está em comunhão (At
18:24-28; Rm 16:1; 2 Co 3:1). Tais cartas são escritas de uma assembleia para
outra, recomendando uma pessoa à comunhão prática da assembleia para a qual
está indo. Esta carta não diz aos irmãos da localidade para a qual a pessoa
está viajando para examiná-la e, em seguida, se tudo estiver bem, para
recebê-la em comunhão. A carta anuncia que a pessoa já está em comunhão e que a
assembleia deve recebê-la como tal.
Como todos os assuntos relacionados à
assembleia devem ser feitos “por boca de duas ou três testemunhas” (2 Co
13:1), dois ou três irmãos da assembleia local da pessoa devem assinar a carta.
Com isso, expressamos a verdade de que somos um corpo nessas questões de
comunhão entre assembleias.
Quando pessoas foram salvas nos “lugares
que estão além” (2 Co 10:16) e novas assembleias foram formadas, isso foi
realizado em comunhão com os que estavam no terreno do “um só corpo”. Não era do pensamento de Deus que
essas novas reuniões existissem como assembleias independentes, mas que elas fossem
parte da única comunhão de crentes à qual todos os Cristãos são
chamados. Portanto, o Espírito de Deus teve o cuidado de vinculá-las àqueles já
reunidos no terreno do “um só corpo”, para que “a unidade do
Espírito” fosse mantida. Diz dos crentes de Tessalônica: “Porque vós,
irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judeia estão
em Jesus Cristo” (1 Ts 2:14). Assim, eles estavam ligados em comunhão
prática ao que o Espírito de Deus já havia começado.
Isso é confirmado no livro de Atos.
Vemos as várias assembleias se movendo juntas praticamente e expressando a
verdade de que eles eram um corpo – e isso foi antes mesmo que eles entendessem
a verdade do um só corpo! Isso é visto em Atos 8:4-24. Muitos em Samaria haviam
chegado a crer no Senhor Jesus por meio da pregação de Filipe, todavia, o
Espírito de Deus não os reconhecia como estando no terreno da assembleia até
que tivessem recebido o Espírito e tivessem comunhão prática com aqueles a quem
Ele já havia reunido para o nome do Senhor Jesus em Jerusalém. Isso foi feito
para impedir que os crentes samaritanos estabelecessem uma assembleia
independente que fosse separada da assembleia em Jerusalém. Ao procurar manter “a
unidade do Espírito”, dois
representantes desceram de Jerusalém e impuseram as mãos sobre aqueles em
Samaria (uma expressão de comunhão prática – Gl 2:9), pela qual o Espírito de
Deus Se identificou com eles. Isso mostra que não é da mente de Deus ter
assembleias independentes. O Sr. C. H. Brown disse: “Deus não permitiu que os
samaritanos obtivessem reconhecimento oficial como pertencendo à igreja
[assembleia] até que eles o recebessem desses emissários que desciam de
Jerusalém.” Grande cuidado foi tomado pelo Espírito de Deus para vincular esses
crentes “juntos” com os de Jerusalém, para que houvesse uma expressão
prática do “um só corpo” na Terra, mesmo que essa verdade ainda não
tivesse sido revelada como uma questão de doutrina.
Quando o apóstolo Paulo encontrou um
grupo de crentes em Éfeso (At 19:1-6) que desconheciam os outros com quem Deus
havia trabalhado, ele descobriu que o Espírito de Deus não os reconhecia como
estando no terreno divino da assembleia. Eles não foram reconhecidos como
estando no terreno do “um só corpo” até que tivessem o Espírito e
tivessem comunhão prática (demonstrada pela imposição de mãos) com aqueles a
quem o Espírito já havia reunido. Em referência a esse grupo de crentes, C. H.
Brown também disse: “Eles precisavam de algo. Eles tinham que ser trazidos para
a mesma unidade que já existia. Eles não podiam ser reconhecidos como ocupando
um terreno diferente do resto deles. Paulo não podia dizer: ‘Vocês não estão no
mesmo terreno que Antioquia ou Jerusalém, mas vocês têm muita verdade, e eu seguirei
com vocês’. Ah não. Ele vai se empenhar em trazê-los para o mesmo terreno que o
resto. Eles foram trazidos para a mesma coisa que havia sido formada antes
mesmo de ouvirem falar disso.” Aqui, novamente, vemos o cuidado e a sabedoria
que Deus tinha em manter “a unidade do Espírito” para que houvesse uma
expressão prática da verdade do “um só corpo”.
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