Ordem e Operação da
Assembleia Não é o Assunto das “Sete Igrejas”
O livro do Apocalipse não trata da ordem
e operação da Igreja como uma questão de doutrina. É um equívoco pensar que
sim. Se fôssemos adotar nossa doutrina da Igreja desse livro, encontraríamos
alguns erros sérios.
É verdade que o Senhor não disse a
nenhuma das outras assembleias para lidar com os flagrantes males que
aconteciam em Pérgamo e Tiatira, onde havia idólatras e blasfemos no meio
deles. Mas Ele também não disse aos responsáveis em Pérgamo e Tiatira para excomungar
aquelas pessoas iníquas em suas assembleias! Se tentarmos ensinar a partir
desses capítulos que as assembleias não têm responsabilidade corporativa em
relação umas às outras porque não há menção disso aqui, então também teríamos
que adotar a partir desses capítulos que as assembleias não deveriam excomungar
pessoas más em seu meio, porque também não há menção aqui! Os Irmãos Abertos
certamente não acreditam nisso. Isso mostra que não podemos adotar nossa
doutrina da Igreja desses capítulos.
É um equívoco pensar que, como não há
menção a respeito da verdade do “um só corpo” nesses capítulos, as
assembleias não devem praticar a verdade da unidade do corpo. O “um só corpo”
é a linha da verdade de Paulo; João (o escritor de Apocalipse) não se ocupa
com esse lado das coisas – não lhe foi dado apresentar isso. Se Apocalipse 2-3
estiver nos ensinando que as assembleias locais são autônomas, a Escritura se
contradiz. É porque, como já vimos no livro de Atos e nas epístolas, a
Escritura indica que deve haver uma coesão corporativa entre as assembleias como
um todo. Apocalipse 2-3 não é o lugar para procurar princípios de ordem e
função da assembleia. Se quisermos tal coisa, devemos recorrer às epístolas aos
coríntios. Importar essa linha de coisas para esses capítulos é “forçar um pino
redondo em um buraco quadrado”. Pode ser conveniente para apoiar os Irmãos
Abertos, mas é uma exegese[1]
bíblica deficiente. A boa interpretação da Bíblia é interpretar a Escritura à
luz de todas as outras Escrituras, e outras Escrituras mostram claramente que
as assembleias Cristãs devem praticar a verdade do um só corpo em suas relações
entre assembleias.
O livro de Apocalipse deve ser entendido
por sua interpretação simbólica (Ap 1:1 – “Deus... as enviou e as notificou [significou – TB]”); não devemos
interpretá-lo literalmente. É verdade que as sete igrejas eram assembleias
literais naquele dia, mas o Senhor as estava usando para simbolizar certas
condições que se desenvolveriam na história do testemunho Cristão. Essa é a
interpretação primária desses capítulos.
[1] N. do T.:
Trata-se de um termo se originou a partir do grego “exégésis”, que significa “interpretação”, “tradução” ou “levar
para fora (expor) os fatos”.
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